Às vezes, nessas noites frias e enevoadas
Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos
Essa estranha visão de mulher calma
Surgindo do vazio dos meus olhos parados
Vem espiar minha imobilidade.
E ela fica horas longas, horas silenciosas
Somente movendo os olhos serenos no meu rosto
Atenta, à espera do sono que virá e me levará com ele.
Nada diz, nada pensa, apenas olha - e o seu olhar é como a luz
De uma estrela velada pela bruma.
Nada diz. Olha apenas as minhas pálpebras que descem
Mas que não vencem o olhar perdido longe.
Nada pensa. Virá e agasalhará minhas mãos frias
Se sentir frias suas mãos.
Quando a porta ranger e a cabecinha de criança
Aparecer curiosa e a voz clara chamá-la num reclamo
Ela apontará para mim pondo o dedo nos lábios
Sorrindo de um sorriso misterioso
E se irá num passo leve
Após o beijo leve e roçagante...
Eu só verei a porta que se vai fechando brandamente...
Ela terá ido, a esposa amiga, a esposa que eu nunca terei.
Vinicius de Moraes
Uma pequena história sobre como obter a verdadeira sabedoria e tudo o que quiser.
Certa vez, um rapaz perguntou a um grande sábio como ele poderia obter a sabedoria infinita e tudo que desejar.
O sábio pediu ao rapaz para que o acompanhasse até um lago ali perto.
Chegando lá, o sábio mergulhou a cabeça do rapaz na água, ele começou a se debater, o sábio segurou mais um pouco e depois o soltou. Com o rapaz já recuperado, o sábio perguntou:
- O que você mais queria quando estava de baixo da água?
E ele respondeu:
- Respirar, é claro!.
Então o sábio disse:
Quando você desejar a sabedoria tanto quanto queria respirar, você a conseguirá.
Não tenho nada mas tudo que quero se faz presente aquecendo minha alma alimentando meu dia mesmo que meus bolsos continuem vazios... Meus amores se perdem em meio há multidão alguns dividem sonhos outros apenas deixam o amargo sabor da desilusão sempre me entrego inteira sem mirar o abandono.
Sofro... com o coração mudo espero o tempo amenizar a dor se perdoo ou não... Não paro para analisar só não me deixo despencar no precipício, que a mente cria, para suicidar a alma.
E assim passo os dias no calendário do meu viver uns são desérticos, silenciosos outros, imperam ruídos de espectros alguns explodem em luz e cores mas, todos tem momentos de paz pra renovar a alma!
Apenas me deixo viajar neste comboio pela vida onde episódios correm soltos por corredores, ora sombrios ora iluminados... Deixando rastros invisíveis aos olhos de meros mortais!
Na escola,
de manhã
quase cedinho,
pulo corda
e também amarelinha.
À tardinha,
já enfadada,
pulo o muro
do vizinho,
pra roubar
daquela árvore,
bons punhados
de frutinhas.
Quase à noitinha:
eu já cansada...
e minha mãe
quer conversar;
adivinha!?
Hora de pular
bem miudinho
e sem gaguejar,
explicar tudinho tudinho...
assim:
tin-tin
por
tin-tin.
A flor com que a menina sonha
está no sonho?
ou na fronha?
Sonho
risonho:
O vento sozinho
no seu carrinho.
De que tamanho
seria o rebanho?
A vizinha
apanha
a sombrinha
de teia de aranha...
Na lua há um ninho
de passarinho.
A lua com que a menina sonha
é o linho do sonho
ou a lua da fronha?