Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.
Padre Fábio de Melo
A gente tem saudades de tantos lindos momentos... A gente tem saudades do que viveu, e não consegue viver de novo... De um grande amor interrompido... de um gostar proibido. A gente tem saudade do que não fez... e poderia ter feito..
São saudades dúbias... ora rimos, ora choramos... São saudades de coisas incompletas... Que ficaram por acontecer... e o destino interrompeu... A gente tem saudades da gente mesmo...
Do que fomos... em outros tempos... A gente ri e chora de saudades de um grande amor... Ah! na certa não poderia suportar... Se não me ancorasse nas lembranças,
Do que deu para acontecer... Quase não dou conta dessas saudades todas... Creio que são as lembranças que me salvam... De me perder na saudade, e dão a ela
Aquele sabor de felicidade... Saudades felizes... acontecem... sim, Se temos doces lembranças! Doídas saudades felizes..
Sinceramente eu não estou a perceber nada. Até ontem estava tudo bem e, de repente, ficaste de mau humor. Eu perguntei o que tinha acontecido e respondeste que não tinha acontecido nada. Não sei se fiz ou falei alguma coisa de que não gostaste. Como não queres dizer o que realmente aconteceu, peço-te desculpas por qualquer atitude minha que te tenha desagradado.
De qualquer maneira, gostaria de saber porque é que o teu humor mudou de repente. Se eu soubesse a razão de estares chateada, eu poderia tentar consertar ou amenizar o meu erro e, quem sabe, desculpar-me de maneira mais conveniente.
Sabes que eu gosto muito de ti e fico extremamente preocupado quando ficas chateada, triste ou irritada por qualquer motivo. Diz-me o que houve que eu serei capaz de fazer qualquer coisa para restaurar, no teu rosto, aquele sorriso lindo que tanto me seduz e que me faz feliz.
Mais uma vez, desculpa. Não sei bem porquê, mas eu peço. Beijos de quem te ama muito!
O amor respira através do riso. Quando o amor permanece brincalhão, um divertimento, uma alegria, ele cresce.
Cresce ao infinito, mas o caminho tem que ser percorrido com o riso.
E para permanecer no riso, é preciso entender muitas coisas. Devemos rezar para Deus pedindo apenas uma coisa: ajuda-me a permanecer sempre na surpresa. Deixa-me ser surpreendido todos os dias, todos os momentos de minha vida.
Então há riso, então há alegria. Na alegria e no riso, o amor cresce — é o solo perfeito para o amor.
Em meu modo de ver, o amor cresce no riso e, se o amor e o riso chegam a um ponto de encontro, a uma síntese, isso acontece automaticamente. Se ambos ficam bastante tempo juntos e permanecem íntimos, logo a distinção desaparece: absorvem-se um no outro.
Quando o amor e o riso se absorvem, há oração — nasce a oração. A oração é a transformação alquímica do amor e do riso.
A oração não pode nunca ser séria, porque vem do amor e vem do riso.
Osho
O amor é uma coisa que não vemos,
mas basta senti-lo para saber que ele existe.