Uma das vantagens da idade madura não é, creiam, a maturidade. É que nossos olhos já viram muito mais e quando olhamos para trás os caminhos parecem muito mais longos, mesmo se temos a impressão que os anos se passaram na velocidade da luz.
Temos em nós as experiências que se foram agarrando às nossas células, moldando nossa personalidade, nos fazendo rir de nós mesmos e de nossas certezas de antes, hoje não tão certas assim.
Há quem pense, com o passar dos anos, estar velho para muita coisa. Mas essas pessoas se esqueceram de aprender algo: nunca se é velho para a vida! Ninguém vive demais, as pessoas simplesmente vivem, jovens ou idosas.
Na idade madura, percebemos claramente o quanto mudamos, as fotos não negam e nossas reações diante de fatos similares nos ensinam muita coisa.
Eu, por exemplo, aprecio hoje o silêncio e a calmaria, quando antes isso não tinha tanta importância. Gosto de terra, de mato, flores, cidades antigas e velhas histórias.
Aprendi com os anos a beber o silêncio e beneficiar dele nas minhas meditações, a entrar dentro de mim mesma e ver o que as barreiras do som me impedem em outras ocasiões. Sorrio comigo e a paz me oferece suas mãos.
Não sei que medida de vida Deus me dará, se ainda dez, vinte, trinta anos ou mais. Mas eu sei que o proveito para minha vida eu tiro no dia de hoje, que os anos podem trazer marcas, rugas e cicatrizes, mas não envelhecerão minha alma.
Sei que posso dançar ao ritmo do meu coração, que posso amar e ser amada, que posso sonhar e voar bem alto e, quando necessário, pousar em algum lugar.
Sei que ainda vou chorar algumas vezes e rir muito em outras e que ambas as coisas fazem parte do caminho que Deus preparou para mim.
Sei que se amanhã ou depois eu não tiver ainda chegado ao meu lugar sonhado, meus sonhos me terão feito viver duas vezes mais, terão tirado meus pés da terra quando caminhar me fazia mal e que sonhar não vale somente a pena, vale todas as penas do mundo!
Com a vida apressada, angustiada, tão absorta em pensamentos pequenos, sem entender a dor disfarçada em mal humor, pouso os olhos no menino, ali, dormindo. No meio da rua, entre carros, passantes, cachorros e passarinhos destoantes, com as mãozinhas sobre a cama de papelão, agarradinho, inocente, no corpo do irmão.
A mãe sofrida, sentada no sujo chão, tentando esconder a vergonha e a fome, tendo à frente o pai, derrotado enquanto homem. A dor oprimida no peito, sem conseguir engolir, ver assim alguém tão só, uma família – flores do pó. Ah, a cruz! Preguem-me na cruz.
Quero morrer por eles, morrer por mim, inerte, covarde, torpe! Nada a fazer, senão sofrer? Não tem remédio, senão chorar? Menino dormindo, como o meu, como os nossos, sonha sonhos de criança, com luzes e festa, com brinquedos e paz, sorvete, banho, banheiro. Alegria o ano inteiro.
Perdeu o endereço do céu, mas espera Papai Noel. Aquele pai e aquela mãe, sem teto ou dignidade, não sabem da missa a metade. Não choram, apenas pedem, que a sorte mude e os ventos tragam a esperança e o sorriso do menino, que dorme ali no chão, tranquilo, ao relento, desprotegido.
A leoa de dentes arrancados, o guerreiro sem escudo, sem lança, sem conseguir defender sua criança, olhar vazio, de alma apagada, sem ter mais nada. Nada a oferecer, senão seu corpo. Nada a pedir, senão o pão. E eu, e você, o que fazemos?
Vamos embora, com a consciência confortada de que nada podemos fazer, por não termos o poder. Qual nada! Eu posso. Você pode. Mas é difícil, é cômodo. Você tem lar. Eu tenho pão. Eles é que não.
Há dores no mundo que enfraquecem nosso jeito de andar, nosso modo de pensar e até nossos gestos e nosso olhar. Desde que a gente se separou, vejo o mundo como uma espécie de bola negra que vai acima e vai abaixo me machucando sempre que amortece em mim. Estou falando de sofrimento mesmo. Estou falando de tristeza. Porque quando você era meu namorado, minha janela tinha uma paisagem verde e azul cor de céu, agora nem vento corre mais e o fundo é cinzento. Só cinzento.
O amor tem coisas dessas, acha não? Sentimento tão estranho, esse do amor! Quando a gente estava junto, chegou a um ponto onde não parecia mais ser possível continuar com a esperança e a vontade de enobrecer nossa união. Acontece que agora parece que seria bem melhor a gente não ter terminado, porque sinto bastante a sua falta. Confesso que me sinto incompleta sem você de meu lado. Quem sabe a gente não volta um dia? Quem sabe...
Vivemos correndo atrás de mais e mais. Somos gananciosos muitas vezes sem o sabermos. Ambicionamos chegar ao céu e nem paramos para desfrutar do que há na terra. Sim, muitas vezes já temos o suficiente para sermos felizes. O que precisamos é apenas de aproveitar tudo o que a vida nós dá.
É nas coisas simples do nosso dia a dia que podemos encontrar o verdadeiro sentido da nossa existência. Na busca pela felicidade, o que conta é sentir que estamos de corpo e alma em tudo o que fazemos.
Para você que está descobrindo as maravilhas da paternidade pela primeira vez, um feliz dia dos pais!
Tudo é novidade agora, e parece que todos os dias você vai descobrindo algo novo, mas o amor e o laço que desde o início se criou entre você e seu filho, esse será eterno e jamais se alterará.
Desfrute de cada instante, de cada mudança, de cada fase, pois a melhor recompensa de um pai está em ver seu filho crescer e se tornar em um adulto saudável, capaz e responsável.