Estava eu ontem pela manhã, a caminhar pelo centro do Rio a trabalho, e, observando as pessoas que passavam tentava interpretar as expressões do rosto de cada uma delas. Algumas transmitiam em suas feições um que de alegria ou talvez felicidade, enquanto que outras, tristeza e sofrimento. Através dessas observações me posiciono nem tão feliz como as primeiras, mas também nem tão triste e sofrido como as outras.
Alegria e felicidade, tristeza e sofrimento, fazem parte da vida de cada um de nós, alguns com maior ênfase na primeira e outros infelizmente na segunda opção. Já me vi, no decorrer de minha caminhada neste mundo, em situações de extremas alegria e felicidade como também de tristeza e sofrimento imensos. E a cada alegria ou tristeza que a vida nos proporciona, vamos formando o nosso caráter e moldando o nosso modo de viver de acordo com as fases pelas quais vamos passando.
Mesmo que achemos que somos alegres e felizes ou tristes e sofredores, isso não é a realidade de ninguém, pois ambas as situações são as que passamos por durante toda a nossa vida.
Krishna falava na sua missão e da sua própria natureza em termos sobre os quais convém meditar. Dirigindo-se aos seus discípulos, dizia:
"Tanto eu como vós temos tido vários nascimentos. Os meus só de mim são conhecidos, porém vós nem mesmo os vossos conheceis. Posto que, por minha natureza, eu não esteja sujeito a nascer e a morrer, todas as vezes que no mundo declina a virtude, e que o vício e a injustiça a superam, torno-me então visível; assim me mostro, de idade em idade, para salvação do justo, para castigo do mau, e para restabelecimento da verdade.
"Revelei-vos os grandes segredos. Não os digais senão àqueles que os podem compreender. Sois os meus eleitos: vedes o alvo, a multidão só descortina uma ponta do caminho."
Por essas palavras a doutrina secreta estava fundada. Apesar das alterações sucessivas que teve de suportar, ela ficará sendo a fonte da vida em que, na sombra e no silêncio, se inspiram todos os grandes pensadores da antiguidade.
A moral de Krishna também era muito pura:
"Os males com que afligimos o próximo perseguem-nos, assim como a sombra segue o corpo. – As obras inspiradas pelo amor dos nossos semelhantes são as que mais pesarão na balança celeste. – Se convives com os bons, teus exemplos serão inúteis; não receeis habitar entre os maus para os reconduzir ao bem. – O homem virtuoso é semelhante a uma árvore gigantesca, cuja sombra benéfica permite frescura e vida às plantas que a cercam."
Srimad Bhagavatam