...Sabe aquela história de amizade eterna e forte
de ser amigo pra vida até a morte
Sabe aquele amigo na queda ou na ascensão
amigo assim eu conto aqui na minha mão...
Porque na nossa trajetória muitos amigos vão aparecer
mas na memória, só ficam os que vão prevalecer
amigo assim eu digo que é do peito
por que gostam de mim independente dos defeitos
Eu tenho amigo na dor ou na felicidade
os meus amigos são amigos de verdade
que tão comigo, que fazem parte da minha formação
que são amigos de alma e de coração
amigos que se importam; que tão pro resto da minha vida
curtindo a sorte, ou tão na recaída
Que tão distante, mas nunca perdem o contato
E na estante ele aparece em retratos
É amigo, é a família que te acolhe
Amigo planta amigo colhe, não escolhe,
Momento, hora ou lugar, amigo sempre vai estar lá
E não tem jeito, defeito, só tem respeito, é desse jeito
Se é amigo é do peito, sem preconceito
Não te trata com diferença, amigo sempre representa
Aqueles amigos que tão comigo de berçário
Aqueles amigos das festas de aniversário
Aqueles amigos que sempre ligam pra saber
Aqueles amigos que te ajudam a crescer
Me dão sentido, parece que iluminam minha estrada
Que "tão por toda a caminhada, que fecham junto
Se eu precisei foi lá e fez (Essa daqui é pra vocês)
Amigos que eu já fiz em bar, em festa ou carnaval
Que não desejam o meu mal
Que me acompanham independente do que eu trago na carteira
Por que é amizade verdadeira
E essa amizade, eu te digo, é diferente!
Os meus amigos não, não quebram a corrente
Eu sei quem eles são e não é coisa pouca
Não troco de amigos como quem troca de roupa
Taísa Mannon
E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir; foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tenha sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece em um baile de carnaval — uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão. É melhor pensar que a última vez que se encontraram se curtiram muito — depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado — sem glória nem humilhação.
Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.
E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida; que a lembrança deles nos faz sentir maior a nossa solidão; mas que essa solidão ficou menos infeliz: que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?
Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões; se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras — com flores e cantos. O inverno — te lembras — nos maltratou; não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil.
Ah, talvez valesse a pena dizer que houve um telefonema que não pôde haver; entretanto, é possível que não adiantasse nada. Para que explicações? Esqueçamos as pequenas coisas mortificantes; o silêncio torna tudo menos penoso; lembremos apenas as coisas douradas e digamos apenas a pequena palavra: adeus.
A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdido numa tarde de domingo.
Rubem Braga - trecho do livro "A Traição das Elegantes"
Que todo final de semana fosse carnaval
Que toda sexta-feira tivesse festa
Que todo ser humano fosse sincero
Que todo homem fosse digno
Que todo marido fosse fiel
Que todo namorado fosse carinhoso
Que toda amiga fosse verdadeira
Que todo mundo fosse feliz
Que toda chuva fosse de verão
Que todo livro tivesse final feliz
Que toda família fosse unida
Que todo problema tivesse solução
Que toda viagem fosse incrível
Que toda decisão fosse fácil
Que toda nuvem fosse de algodão doce
Que dinheiro nascesse em árvores
Que os adultos tivessem a pureza das crianças
Que toda praia fosse deserta
Que toda carta fosse de amor
Que todo pai fosse companheiro
Que toda mãe fosse compreensiva
Que cada estrela fosse um desejo a realizar
Que todo sonho fosse doce
Que a única escola fosse a vida
Que toda esperança fosse real
Que toda luta fosse justa
Que o único vício fosse a alegria
Que toda lua fosse cheia
Que todo amor fosse eterno...