Buda reuniu seus discípulos, e mostrou uma flor de lótus - símbolo da pureza, porque cresce imaculada em águas pantanosas.
- Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mãos - disse Buda.
O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.
O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas.
O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.
Chegou a vez de Mahakashyao. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.
- É uma flor de lótus - disse Mahakashyao. Simples e bela.
- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - disse Buda.
Um certo dia Buda estava viajando com alguns de seus seguidores. Enquanto eles estavam passando por um lago, Buda disse para um dos seus discípulos: "Tenho sede. Traga-me um pouco de água do lago."
O discípulo caminhou até o lago. Naquele momento, um carro de bois começou a atravessar o lago. Como resultado, a água ficou muito turva e lamacenta. O discípulo pensou: "Como eu posso dar essa água barrenta para Buda para beber?"
Então, ele voltou e disse para Buda: "A água está muito lamacenta. Eu acho que não é boa para beber."
Depois de meia hora, Buda pediu para o discípulo voltar para o lago. O discípulo voltou, e descobriu que a água ainda estava com lama. Ele voltou e informou Buda. Depois de algum tempo, Buda pediu mais uma vez para o discípulo voltar.
Desta vez, o discípulo viu que a lama tinha descido para o fundo do lago, e a água estava limpa e cristalina. Então ele recolheu um pouco de água em uma panela e levou-a para Buda.
Buda olhou para a água, olhou para o discípulo, e disse: "Veja o que você fez para tornar a água limpa, repare que a lama desceu sozinha - E você tem água limpa. Sua mente é assim também! Quando ela está perturbada, deixe-a sozinha. Dê-lhe um pouco de tempo. Ela vai se estabelecer por conta própria. Você não tem que fazer nenhum esforço para acalmá-la. Isso vai acontecer. É fácil."
Neste ano, trate a todos com educação, mesmo aqueles que são rudes com você. Não porque eles não são bons, mas porque você é bom. Você pode mudar o mundo!
Quando o seu mundo interior muda, o mundo exterior também mudará! Faça deste mundo um mundo melhor, porque você pode! Feliz Ano Novo!
No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando na Alegria. Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas, no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha. Levou a moedinha ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo, mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Mas quando o vendedor soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, cheio de pena, deu-lhe o óleo. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido:
"Nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas, com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada da Sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los à Iluminação".
Durante a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia acabado, mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando um discípulo chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: "Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia" e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda, que o observava há algum tempo, disse: — Maudgalyayana: você quer apagar essa lâmpada? Não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama.
- Por que não? - Perguntou o discípulo de Buda.
- Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e de mente. Essa motivação produziu um enorme benefício.
Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda e seria conhecida como Luz da Lâmpada.
O Buda estava um dia no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos se estabeleceu o seguinte "duelo":
O Deva: - Qual é a espada mais cortante?
Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.
- Qual é o maior veneno?
- A inveja é o mais mortal veneno.
- Qual é o fogo mais ardente?
- A luxúria.
- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.
- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
- Quem sofre a maior perda?
- Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.
- Qual é a melhor arma?
- A sabedoria.
- Qual é o ladrão mais perigoso?
- Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
- Qual o tesouro mais precioso?
- A virtude.
- Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
- Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
- O que atrai?
- O bem atrai.
- O que repugna?
- O mal repugna.
- Qual é a dor mais terrível?
- A má conduta.
- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.
- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.
- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.
- Qual é a febre mais aguda?
- O ódio.
- Qual é o melhor médico?
- O Buda.
O Deva então faz sua última pergunta: - O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.
Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante Buda e desapareceu.
Martin Claret
Era uma vez um jovem chamado Srona, de delicada saúde, e que nascera em uma rica família. Como, seriamente ansiasse obter a iluminação, tornou-se um discípulo do Buda. Com este propósito, dedicou-se e se esforçou tanto que seus pés chegaram a sangrar.
O Buda dele se compadeceu e lhe disse: - Srona, meu jovem, você já estudou harpa. Pois então deve saber que a harpa não produz música se suas cordas estiverem muito esticadas ou então frouxas demais. Ela produzirá música somente quando as cordas estiverem corretamente estiradas.
E o Buda continuou: - O treinamento para a iluminação é exatamente como o ajuste das cordas da harpa. Você não pode alcançar a iluminação se deixar as cordas de sua mente estiradas ou frouxas demais. Deve estar sempre atento e agir sabiamente.
Tirando grande proveito destas palavras, Srona alcançou aquilo que procurava.
O Sutra de Lótus ensina que todos possuem igualmente o potencial para atingir o estado de Buda, e que têm também a capacidade para desfrutar o estado de absoluta felicidade. É digno de nota que a intenção de Sakyamuni de tornar o estado de Buda acessível a todas as pessoas revela-se pela linguagem que ele escolheu para pregar os seus ensinos: a língua de Magadha, o linguajar diário das pessoas comuns.
Os Brâmanes ortodoxos daquela época insistiam em que os ensinos sagrados somente poderiam ser transmitido na linguagem dos vedas, uma língua usada somente pela classe mais alta e culta.
Certa ocasião, dois seguidores de Sakyamuni disseram a ele "Por pregar os honoráveis e excelentes ensinos no vernáculo do povo, o senhor ofendeu a dignidade do budismo. A partir de agora, por favor pregue na nobre e sublime linguagem dos vedas". Esses seguidores eram irmãos e membros cultos da casta dos brâmanes que haviam ficado tão comovidos com a pregação de Sakyamuni que se juntaram a ordem.
Nunca, respondeu o Buda, colocando um fim na discussão de uma vez por todas. E dizem até mesmo que ele estabeleceu punições àqueles que ousavam pregar o budismo na língua dos vedas.
Este episódio demonstra claramente o intenso desejo de Sakyamuni de tornar o budismo acessível a todos, independente da classe social.
Nitiren Daishonin também escreveu muitas de suas cartas a seus seguidores leigos com a escrita cursiva japonesa, conhecida como hiragana, para que eles pudessem lê-las com facilidade. (Em outras palavras, ele utilizava a linguagem comuns das pessoas comuns, em vez da erudita escrita clássica chinesa usada em escritos formais daquela época).
As Mais Belas Histórias Budistas
Empresto meus ouvidos para que ouça o seu. Aprendo a escutar meu silêncio.
Empresto meu olhar para que encontre o seu. Aprendo que somos tudo que olhamos.
Empresto minha voz para ouvir a sua. Aprendo como transmitir a minha.
Empresto minhas palavras que como sementes ficarão em seu inconsciente. Aprendo a espera que em algum momento florescerão.
Empresto meu tempo que andei mais. Aprendo que seu tempo é seu tempo.
Empresto práticas e métodos. Aprendo a fazer que não se apegue a eles.
Empresto meu silêncio para lhe escutar. Aprendo a arte de ensinar.
Empresto minha coragem para seus medos. Aprendo que você é a memória de minha coragem.
Empresto meu equilíbrio. Aprendo com você o ponto para não ficar no alto e nem no baixo.
Empresto meu não julgamento. Aprendo a plena atenção em não projetar.
Empresto minha capacidade de observar. Aprendo a disciplinar minhas dispersões.
Empresto minha consciência. Aprendo que você é a consciência.
Empresto minha criatividade. Aprendo que o artista é a obra, mesmo que sem sua presença.
Empresto minha motivação. Aprendo que não conduzimos ninguém além de onde estamos.
Empresto minha espiritualidade. Aprendo que deuses, santos, budas, anjos e você são da mesma fonte.
Empresto o meu amor e compaixão. Aprendo aceitar a sua gratidão.
Empresto minha alegria. Aprendo que somos capazes de sermos felizes sozinhos.
De eu ser em nós, o sagrado e o humano. De compartilhar a expansão de nossa consciência.
Pela comunhão com todos os seres. E que todos os seres sejam felizes...
Em tempos pensei que tinha sido ferido como homem algum jamais o fora. Por sentir isso, jurei escrever este livro. Mas muito antes de começar a escrevê-lo a ferida cicatrizou. Como jurara cumprir a minha tarefa, reabri a horrível ferida. Deixem-me explicar por outras palavras. Talvez ao abrir a ferida, a minha própria ferida, tenha fechado outras feridas, feridas de outras pessoas. Morre qualquer coisa, floresce qualquer coisa. Sofrer na ignorância é horrível. Sofrer deliberadamente, para compreender a natureza do sofrimento e aboli-lo para sempre, é muito diferente. O Buda, como sabemos, teve toda a vida um pensamento fixo no espírito: eliminar o sofrimento humano.
Sofrer é desnecessário. Mas temos de sofrer para compreender que é assim.
Além disso, é só então que o verdadeiro significado do sofrimento humano se torna claro. No derradeiro momento desesperado - quando não podemos sofrer mais! - acontece qualquer coisa que tem a natureza de um milagre. A grande ferida aberta pela qual se escoava o sangue da vida fecha-se, o organismo desabrocha como uma rosa. Somos "livres", finalmente (...). Não são as lágrimas que mantêm viva a árvore da vida, mas sim o conhecimento de que a liberdade é real e eterna.
Henry Miller
Chega o fim do ano. Chegam o Natal e o Ano Novo e enchem as pessoas de esperança. É a época em que todos fazem muitos pedidos, às mais diversas entidades, de Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, passando por Buda e pela Rainha das Águas...
Pensei no que pedir e fiquei indeciso... Como não sabia o que pedir para mim, resolvi pedir pelos amigos:
Em primeiro lugar, quero que neste Natal, Ano Novo e no próximo ano, tenhas muita saúde.
Quero que tenhas muito dinheiro.
Quero que emagreças se eventualmente estiveres muito gordo e que te fortaleças, caso estejas um tanto fraquinho...
Espero que tenhas sempre esperança no futuro, e que tenhas recolhido lições dos eventuais contratempos passados.
Que se inicie um grande e ardoroso romance se estiveres sozinho e que saibas preservar o grande amor que já tens.
Que não desanimes antes das dificuldades, pois elas aparecem sempre.
Que te emociones muito, e a cada dia, ao perceberes a dádiva que é estar vivo!
E, finalmente, que sejas sempre muito feliz!
Junto com tudo isto, não te esqueças de que continuas e continuarás dentro do meu coração, que é o lugar mais confortável que podemos reservar aos grandes amigos.
Amitabha, o Buda primordial, que tinha como único desejo ajudar todos os seres vivos, um dia considerou que era necessário a manifestação de uma divindade com a aparência de um jovem. Amitabha emitiu um raio de luz branca que tomou a forma de Tchènrezi.
Tchènrezi cresceu e prometeu ajudar Amitabha a beneficiar todos os seres vivos e fez uma promessa a ele próprio "enquanto houver um único ser que não tenha atingido o despertar, trabalharei para o bem de todos. E se não cumprir esta promessa, que a minha cabeça e o meu corpo se quebrem em mil pedaços!"
Durante milhões de anos, Tchènrezi trabalhou sem parar. Um dia pensou que já tinha liberto numerosos seres, mas infelizmente ainda havia inúmeros seres presos no samsara. Muito triste por isso, desanimou "Não tenho a capacidade de socorrer os seres; vale mais que descanse no Nirvana". Com este pensamento contrariou sua promessa. O seu corpo se quebrou em mil pedaços e Tchènrezi conheceu um intenso sofrimento.
Mas pelo poder de sua graça, Amitabha voltou a recompor o corpo de Tchènrezi. Lhe deu onze rostos, mil braços e mil olhos. Tchènrezi poderia a partir de então, ajudar os seres sob esta forma. Amitabha pediu a Tchènrezi que retomasse a sua promessa e este assim fez ainda com ainda mais vigor e força do que antes.
Durante seis anos, Siddhartha e os seus seguidores viveram em silêncio e nunca saíram da floresta.
Para beber, tinham a chuva, como comida, comiam um grão de arroz ou um caldo de musgo, ou as fezes de um pássaro que passasse. Estavam tentando dominar o sofrimento tornando as suas mentes tão fortes que se esquecessem dos seus corpos.
Então um dia, Siddhartha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno...
"Se você apertar esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixar solta demais, ela não toca."
De repente, Siddhartha percebeu que estas palavras simples continham uma grande verdade, e que durante todos estes anos ele tinha seguido o caminho errado.
Se apertar esta corda demais, ela arrebenta; e se a deixar solta demais, ela não toca.
Uma aldeã ofereceu a Siddhartha a sua taça de arroz.
E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada.
Mas quando os ascetas viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos, como se Siddhartha tivesse desistido da grande procura pela iluminação.
(Siddhartha Gautama os chamou)
- Venham...
- e comam comigo.
Os ascetas responderam:
- Traíste os teus votos, Siddhartha. Desistiu da procura. Não podemos continuar a te seguir. Não podemos continuar a aprender com você.
Enquanto foram se retirando, Siddharta disse:
- Aprender é mudar.
- O caminho para a iluminação está no Caminho do Meio.
- É a linha entre todos os extremos opostos.
O Caminho do Meio foi a grande verdade que Buda descobriu, o caminho que ensinaria ao mundo.